Notas e Memórias
A Mulher Aventureira
Dedicado à minha Avó Assunção Mendes.

Não sabia ler nem escrever
A Mulher Aventureira,
Mas, sabia o que muitos deste mundo
Nunca souberam - AMAR
Contra Ventos e Marés
Tempestades e furacões,
Fome e sacrifícios
Aquela Mulher deu-nos grandes lições.
Seu olhar penetrante,
Aos pobres dava a mão
Inteligente e forte
Era a Tia Assunção
Lutava, rezava, trabalhava,
Nada fácil a sua vida
Fé, coragem, decisão
Nunca se deu por vencida.
Mulher simples e amiga,
O melhor para seus filhos queria
A todos deu o que era.
E, ao seus netos deixou,
Aquilo que de melhor tinha,
Amor, força e valentia.
Maria Assunção Mendes, a Mulher Aventureira
Não morreu nem morrerá,
Está dentro de cada um de nós,
Onde estiver o Amor, ela aí estará.
ccmgra, ano 2005
Não sou mãe, mas sinto...
Quem disse que uma irmã não sente...

Nunca tive filhos
Mas Sinto
Meus irmãos como se fossem filhos
...e a vida passa, o tempo não pára
E os pequenos se tornaram grandes,
E Sinto
Sinto uma enorme saudade
Daqueles que amo
E Sinto a dor de uma Mãe
A dor de uma Avó
Que nos mostrou o Amor, a união a família.
Que nos mostrou que não é preciso,
Ter um curso, dinheiro ou ser chique.
Ela não sabia ler nem escrever,
Mas Sentia.
Sentia como eu Sinto e uma Mãe Sente os seus filhos,
Que saíram de dentro delas,
Aos quais deram a sua vida.
Sentiram as dores e,
Ao mesmo tempo a alegria do nascimento.
Fizeram tudo pelos seus rebentos.
Noites sem dormir,
Coração apertado na doença,
Dores do crescimento
E agora alguém passa,
E os leva...
E lava um e leva outro.
Dói ... dói ... dói muito
Mais que as dores de um parto.
E Sinto...
Sinto a ausência de um e de outro,
O vazio, que se gerou...
Tudo se torna frio e distante.
Já não há tempo para estar,
Para conversar ao calor da lareira.
Novos tempos, novas famílias
Mas nestes tempos, não há tempo...
Tempo para quem nos deu a vida.
Espaço para quem nos ajudou a ser.
E Sinto...
Um gosto amargo no peito
Uma dor profunda na alma.
Os filhos já não são "meus"
E a quem se entregaram, não sei...
Já não sei o que sou,
De onde vim e para onde vou.
Tudo perde o sentido.
A seiva que nos alimentava
Deixa de correr.
Porque não é mais alguém que vem,
Mas sim, os filhos que vão.
E será que voltarão?
Não sei... só sei que Sinto...
A dor de um corte,
Um ferimento que teima em ficar.
Porque mesmo que voltem
O tempo já não é o mesmo.
Já não é só um, são dois.
Um que é filho e outro que não sente,
Como a gente.
A casa já não é casa,
E a lareira já não é lareira,
E o calor já não é o mesmo.
Sinto que tudo passa
Mas o vazio, esse fica.
E quando eu dia eu partir de vez,
Não choreis por mim,
Porque eu já chorei tudo por vós
Quando um dia me deixaste a sós.
O vazio já não fará mais parte de mim,
Mas sim de vós,
Para que percebais agora, o que é sentir.
E sentireis então o que sempre senti.
Porque vos amei e amo.
Porto, 4 de Dezembro de 2005 (ccmgra)
O Tempo.
É aqui e agora...

Todas as noites, pergunto à Lua,
Quando?
Todos os dias pergunto ao Sol,
Quando?
Quando, é o tempo?
Sim, o tempo do amor?
No silêncio pergunto-me,
Quando?
Grito na escuridão,
Quandoooo ???
Impaciente,
Dou voltas e mais voltas
Espero, espero...
Até que ouço o meu coração!
Tonta, tonta,
Porque andas assim?
Não vês que o amor está dentro de ti.
Não interessa quando,
Quanto tempo,
O tempo é aqui e agora.
Cada coisa a seu tempo,
Olha a natureza,
É preciso deixar o fruto amadurecer
Se o colheres antes,
Estará verde,
E, nem tu nem a árvore
Saborearão esse belo fruto
Não queiras tudo de uma vez.
O Quando, não interessa.
O tempo é teu.
ccmgra, 2006

Agradecimento pelos 44
Graças TE dou por tudo que Sou e tenho.
Graças pelos pais que tenho, pelos irmãos, sobrinhos e toda a família que me deste. Pelos afilhados e pela companhia me que escolheste e sem esquecer os avós que já partiram mas me deram tanto!!! TE agradeço.
Pelos amigos que fui encontrando e continuo a encontrar. Pelas famílias amigas que me vão acolhendo.
Pelo trabalho e colegas, antigos e novos. Pela terra onde nasci.
Por tudo que me envolve nesta vida. Tudo que tenho e Sou a Ti o devo.
Obrigada por tudo que aprendi e aprendo cada dia. Aquilo que dou não é nada comparado com o que Tu me dás.
Obrigada também pelas limitações que ainda não sei aceitar. Obrigada pela água e pelos alimentos que não me têm faltado.
Obrigada pelas dores através das quais consegui subir mais uns degraus até ti. Obrigada por tudo mesmo daquilo que agora não me lembro.
Mas de uma coisa me lembro e lembrarei sempre, que o que Sou foste e és TU o oleiro.
Existo porque quiseste e me deste a energia para vencer! O que ganho e tenho, nada é meu mas sim teu.
Por isso TE agradeço de forma apaixonada e nada te peço, porque tu sabes sempre o que é o melhor para mim. 44 Anos ao teu serviço e na aprendizagem do teu AMOR e PERDÃO gratuito e incondicional. OBRIGADA
ccmgra 1/7/2014
Quase 45

Quase a fazer 45 e uma vida de aprendizagem.
Trambolhões, catástrofes, dores e desejos de ser EU!
Admiro quem sabe o que quer.
Admiro quem sabe viver o presente.
Admiro quem faz o bem pelo outro.
Admiro quem é pai quem é mãe por vocação.
Admiro o altruísmo.
Admiro quem encontra um sentido para a vida.
Admiro quem se dá, sem esperar nada em troca.
Admiro quem tem a paciência de ver a semente a germinar e dar fruto, e quem sabe depois saborear esse fruto.
Admiro a serenidade que pessoas transmitem e são.
Admiro quem troca o dinheiro os bem materiais por viajar em busca do ser.
Admiro a compaixão de algumas pessoas. Admiro a inocência a pureza de coração.
Admiro o ser humano quando sente.
Admiro quem aceita o outro tal como é sem o julgar.
Admiro quem ama, simplesmente porque o /a faz feliz.
Admiro um coração de criança dentro de um adulto.
Admiro os que são totalmente livres porque conseguiram ver o essencial.
Admiro quem se sente fraco mas vai à luta.
Admiro quem aprecia a natureza e o que ela nos ensina.
Não pararia de escrever o que admiro no ser humano...
Estes são os meus heróis. Todos aqueles que conheci e me mostraram uma parte do seu ser.
Obrigada a todos que conheci, conheço e conhecerei.
É a única coisa importante é o ser capaz de dia a dia hora a hora encontrar sentido para os trambolhões e dores que a vida também nos dá.
Porque a vida dá-nos tudo o bom e o mau.
Cabe a nós escolher o caminho por onde ir, para um dia olharmos para nós e dizermos,
"admiro tudo que há em mim, tudo o que eu sou".
E nessa altura talvez entendamos o sentido da vida.
E admiremos a aprendizagem que fizemos.
ccmgra 6/6/2015
Companhia na Noite de Consoada.
Partilho com todos vós o conto de natal que escrevi e que estava limitado a 500 palavras. Consta deste livro Natal em Palavras da Chiado Editora
