Regresso a casa

Voltei a casa em 2020, por alturas da Primavera.
Com o pensamento nas palavras que meus pais diziam no passado e eu não acreditava, mas que agora faziam-me todo o sentido.
Compreendi agora que eles apenas queriam preparar-me para a vida.
A atenção que eu exigia, não era mais do que puro egoísmo.
A minha superioridade não era mais que arrogância e ignorância.
As festas e a alegria dos convívios com os outros que me enchiam de ciúmes,
Tornavam-se agora uma necessidade para mim.
E percebi agora, que o "essencial é invisível aos olhos".
Estes meses iniciais do ano de 2020, mexeram de tal forma comigo,
Que senti medo, senti-me fraco, inseguro e perdido como uma criança abandonada.
Consegui parar e refletir muito, e fiz uma avaliação da minha vida.
Afinal, quem me abandonou, fui eu a mim mesmo. Pensando que sabia tudo e não precisava de nada nem ninguém. Cometi o maior erro da minha vida. E não fora esta pandemia do COVID-19, eu afinal não estava vivo, estava morto.
Consegui abrir os olhos e ver a vida por outro prisma.
Senti-me tão mal, com uma agonia imensa, vergonha tamanha, que caí por terra e deixei cair a capa do egoísmo.
...Voltei a casa, sozinho, aflito chamando pelos meus pais, que por sorte ainda estavam vivos.
Mãe! Mãe!!!, Pai! Pai!!!...estou aqui, sou o vosso filho...
E de joelhos num choro compulsivo, pedi-lhes perdão.
Jurei nunca mais ausentar-me de casa. Da minha escola de Vida e Amor!
Carla Cristina Almeida 12 de Abril 2020.