Aceitar

Aceitar é uma palavra que tem tanto de simples como de complexo.
Aceitar é de uma grandeza imensa.
Geralmente cada um pensa que tem razão.
Numa conversa com amigos ou um grupo, discutem-se pontos de vista sobre variadíssimos temas, muitas vezes não se chega a conclusão nenhuma (parece o programa prós e contras), e depois cada um pensa para si, eu é que tenho razão. Ele ou ela não entende, mas eu sei que estou certo(a).
Isto é de uma complexidade tremenda.
Pensemos nos gerentes ou administradores de empresas. Quando estão certos de que é assim, ou desta forma é que é o melhor. Qualquer pessoa que diga isto, tem que ser um visionário. Isto é, tem que estar a ver o TODO. O que é muito difícil.
É muito difícil deixarmos o nosso ego, (que precisa tanto de sentir que tem razão) deixarmos de pensar que somos os donos da razão, que o que eu digo é que é a verdade ou o caminho.
Isto prende-se com outra coisa, que é a humildade.
Algumas raras vezes, acontece, que ainda há pessoas que pensam nos outros e não só em si ou em sair-se bem perante a sociedade. Isto é, aceitam por vezes não ter razão em prol do outro, para que o outro a tenha e caso realmente a tenha, isso mais cedo ou mais tarde, irá revelar-se, assim como o contrário, caso não tenha a razão.
No meu entender, a sociedade está a construir-se, cada mais de mais pessoas que pensam ter a razão toda ou absoluta e não ouvem (muitas vezes porque até não têm tempo) os outros, ou as outras razões. Mas o que é certo, é que todos têm direito pelo menos a dar ou a mostrar o seu ponto de vista. Até pode ser absurdo ou terrível, mas é o seu ponto de vista, livre e autentico.
Porque é que nos custa tanto aceitar isso? Porque castramos á partida pontos de vista que nos parecem estapafúrdios.
Mas quem somos nós? Somos Deus? Somos juízes para decidir quem tem culpa ou não tem?
Quer dizer, Deus ou alguém superior, deu-nos a liberdade de virmos a este mundo, e agora trona-mo-nos Deus, porque achamos que quem manda somos nós. Mas por alma de quem, é que achamos isso? Porque raio, pensamos nós, que somos os sapientíssimos, os donos da verdade?
1.º Fomos nós que decidimos ou manda-mo-nos nascer?
2.º Somos nós que decidimos quando queremos morrer?
3.º Ponto, o 1.º ponto e 2.º são os nossos limites. O que se passa no meio (Vida) não pode ser um qualquer que nos venha dizer, é assim ou é assado.
4.º Qual a bússola que nos pode ajudar e conduzir? Quem nos pode ajudar, estamos sozinhos?
Não. Não estamos, pois alguém nos deu um sopro de vida e alguém nos há-de tirar. Até pode ser a natureza. Sim. Pode ser. Mas então olhemos para ela, aprendamos com ela, agradeçamos todos os dias quem nos deu este dom da Vida. Porque a mesma nos há-de ensinar o caminho. E para aqueles que pensam, mas a natureza não fala. Fala sim, para quem tiver a simplicidade e a humildade de a escutar.
Sabem qual é o problema? É que há muitos Doutores/Mestres (que inventaram leis), muitas ciências, (que fizeram testes e descobriram o padrão...) muita racionalidade (que matou a sensibilidade e a genuinidade). Mas que eu saiba, nem foi a ciência, nem a racionalidade que nos colocou nesta Experiência que é a Vida. Tudo isso nos pode ajudar, mas maior que isso tudo, que com liberdade nos permitiu alcançar, maior que qualquer invenção que o ser humano crie, é o Divino o Espiritual que há em cada um dos seres humanos.
E é disto que hoje em dia as pessoas se esquecem, é disto que as empresas não se lembram, e é a falta disto que nos está a sufocar. Sabem do quê? Da falta de Aceitação. Da falta de Humildade (aceitar que posso não estar certo).
Precisamos de humanos á frente das organizações, de líderes que olhem para cada colaborador, vejam o seu potencial e o(a) saibam colocar em conexão com os outros por forma a fazer a "Empresa/Organização".
Não tenho dúvida que hoje posso estar a ser interpretada como Utópica, sonhadora, pés no ar. Não há problema nenhum. Aliás felizes daqueles que não são compreendidos ou aceites, pois são eles os profetas da nova era. A Era do Ser Humano, da Pessoa no seu todo e não apenas como pessoa que tem um curso e é doutor. Essa geração já la vai.
Agradeçamos aos nossos antecessores evidentemente que percorreram caminhos de muitas injustiça e dificuldade, mas que com a sua Força, Fé e Esperança, nos proporcionaram tudo aquilo que eles não tiveram. Os Bens essenciais.
A nós cabe-nos dar continuidade. E já não necessitando nós de lutar por bens essenciais, que lutemos uns pelos outros, pela nossa humanidade, mas não esquecendo o objetivo principal. Isto é, já não passamos fome de alimentos, já não passamos fome de trabalho, mas ainda passamos fome de Espiritualidade, de ética, de respeito. Não somos donos de nada, nem de ninguém. Felizmente hoje o dinheiro não é tudo. Lutemos para nos fazer ouvir como pessoas ÚNICAS, individuais e singulares. Afinal na diversidade é que está a maior riqueza. Mas lutemos não com armas de fogo (isso já é arcaico), lutemos sim com o coração. E a luta é dentro de nós mesmos, quando digo uns pelos outos, é no sentido de nos desafiarmos construtivamente uns aos outros, para construir um mundo melhor. Na consciencialização do ser único e irrepetível que somos, no crescimento individual que estimula o outro a fazer o mesmo. Não falo de lutas físicas, isso já passou. É tempo de fazermos deste espaço onde vivemos um lugar íntimo, onde se tocam as almas de cada um, os corações de cada um. Já não há tempo para guerras e guerrinhas, de coisas e coisinhas, de insignificâncias. O nosso Deus, ou Entidade Superior, espera de nós algo maior, mais perto daquilo que ele É, que nos elevemos na verticalidade do nosso ser. Que levantemos os braços, louvemos e nos amemos uns aos outros com irmãos. Será assim tão difícil fazer isto? Será que custa tanto assim deixarmos o nosso ego, e sermos humildes, tolerantes, compassivos?
Não acredito, que se tivermos consciência, do quão frágeis somos, do grão de areia do deserto do qual fazemos parte, do pontinho de luz no espaço que somos, que sejamos ignorantes ao ponto de não percebermos que realmente nada importa, a não ser a nossa realização como pessoas. Profissional e Pessoal num todo. Que se for feita com transparência, com educação, humildade e gratidão e acima de tudo, feita deixando de lado o nosso ego (e para isso tem que se por no lugar do outro).
Podemos todos crescer, sem que ninguém passe por cima de ninguém e deitar a mão a quem mais dificuldade tiver. Nem todos andam ao mesmo ritmo. Mas com humildade, todos podem admitir que precisam de ajuda. Que se calhar são bons numas coisas e não noutras.
Bem, já me estou a alongar, mas por vezes não me apetece calar.. Às vezes é preciso alguém para mexer no mofo, no choco, no passivo. Às vezes até é preciso ficarmos deprimidos, para aprender a crescer. Mas não estamos sozinhos. Há muitos lobos vestido com pele de cordeiro, mas também ainda há muitos cordeiros puros e prontos a ajudar.
Espero que não se tenham perdido na leitura... até parece uma narrativa aberta. E na verdade até é. Porque enão há limite para o dar, o partilhar, desde que, pelo pelo menos, seja entendido e aceite de coração aberto.
Podem pensar, que louca está para aqui a escrever. Ou, mas que beleza de reflexão. Ou, não entender nada, ou entender tudo. O que quer que seja é o ponto de vista de cada um, Eu Aceito. E assim procedendo, acreditem que fico mais rica.
Obrigada a cada um que me leu. Estamos na luta! Na batalha, em que o palco é a vida e os sobreviventes são aqueles que sabem aceitar. Aceitar as suas fraquezas, e as dos irmão(as).
Grande abraço fraterno.
Carla Cristina Almeida
16/07/2019